INE publica a Conta de Fluxos Materiais para Portugal 2017
O Consumo Interno de Materiais aumentou 6,2% em 2017, bastante acima do crescimento do PIB em volume (2,8%).
Esta evolução traduziu-se num decréscimo da produtividade associada à utilização de materiais (-3,2%). Naturalmente, este resultado reflete em parte a alteração da composição do crescimento PIB, designadamente em consequência do maior contributo da Construção.
Em 2017, registou-se um consumo interno de materiais per capita de 15,9 toneladas, tendo-se Portugal afastado da média europeia (13,6 toneladas) e descido uma posição no ranking da UE28 (passou de 13º país com menor consumo em 2016 para 14º em 2017).
Estima-se que em 2016 a pegada material tenha sido de 15,3 toneladas per capita, 7,7% acima da UE.
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A CFM pretende retratar, em termos de fluxos de materiais, a relação da economia nacional com o ambiente natural e com o resto do mundo, permitindo avaliar se o crescimento económico é obtido através de um uso mais eficiente dos materiais extraídos do meio ambiente (desmaterialização) ou de uma utilização mais intensa de materiais. A CFM constitui, deste modo, uma fonte de informação importante na monitorização da economia circular.
A Balança comercial física (PTB), isto é, a diferença entre importações e exportações de materiais, cresceu pelo quarto ano consecutivo, registando um aumento de 9,0% em 2017. As importações de materiais energéticos fósseis, de biomassa, de minérios metálicos, de outros produtos e de resíduos foram superiores às exportações, contrariamente ao que sucede nos minerais não-metálicos.
O balanço material permite apurar a quantidade de material retido por um sistema económico, ou seja, o acréscimo líquido às existências de materiais (Net Additions to Stock - NAS). Este reflete o crescimento físico da economia, isto é, a quantidade de novos materiais utilizados em edifícios e outras infraestruturas e em bens duradouros. O acréscimo líquido às existências de materiais (NAS) é calculado através da diferença entre todos os fluxos de entrada (importações, extração interna e itens de equilíbrio do lado dos inputs) e todos os fluxos de saída (exportações, emissões internas de materiais e itens de equilíbrio do lado dos outputs).
Em 2016, o acréscimo líquido às existências de materiais (NAS) foi 107,7 milhões de toneladas (menos 0,9% do que em 2015), o equivalente a 10,4 toneladas por habitante.
Os bens duradouros, como máquinas, automóveis e mobiliário, totalizaram 2,6 milhões de toneladas (2,4% do total). Dependendo do tipo de material, esses bens duradouros permanecerão em stock 2 a 30 anos, em média, antes de serem eliminados. Os restantes 97,6% (105,1 milhões de toneladas) são constituídos por materiais utilizados sob a forma de edifícios ou de infraestruturas e permanecerão em stock várias décadas ou séculos.
Portugal tem uma economia tendencialmente cumulativa em materiais: extrai e importa mais matérias-primas do que exporta produto acabado, acumulando materiais em stock, sobretudo do tipo imobiliário (por exemplo edifícios, infraestruturas). Entre 1995 e 2016, Portugal acumulou cerca de 3 060 milhões de toneladas de materiais, o que corresponde, em média, a cerca de 194 pontes 25 de Abril por ano.
Fonte: INE - Boletim Estatístico