Mudar o mundo com o desenvolvimento de materiais amigos do ambiente alternativos ao plástico e a outros derivados de combustíveis fósseis foi a ideia que serviu de base para a criação de vasos biodegradáveis. "Estamos numa fase de transição da tecnologia do laboratório para uma unidade-piloto e o objectivo é, até ao final deste ano, dar início à produção e em 2019 colocar os vasos biodegradáveis no mercado", afirma Pedro Mendes, CEO da Spawnfoam.
Os fungos e os resíduos orgânicos e agroflorestais podem dar origem a biocompósitos com uma infinidade de aplicações. A Spawnfoam começou por produzir vasos ornamentais e florestais e painéis para construção, mas os fundadores garantem ter outras ideias na manga. Embalagens, paletes ou mobiliário poderão ser as próximas apostas biodegradáveis da empresa, finalista da competição europeia Climate Launchpad.
A Spawnfoam, sediada no Regia-Douro Park, em Vila Real, nasceu em Janeiro de 2017 pelas mãos de Pedro Mendes, engenheiro mecânico, e Guilhermina Marques, docente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e investigadora do CITAB. A ideia surgiu em 2014 durante uma aula. Pedro Mendes frequentava o mestrado em Engenharia Mecânica na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro quando lhe foi apresentada a Ecovative Design, uma empresa norte-americana que produz compósitos biodegradáveis e de origem orgânica. Não pensou duas vezes, juntou alguns amigos e começaram a pesquisar sobre o tema.
"Trazer o conceito para a Europa" tinha tudo para dar certo, mas Pedro precisava de inovar. Assim nasceu a ideia de aproveitar a matéria-prima existente no Douro, nomeadamente os resíduos da manutenção da vinha e da produção de vinho. Ainda em 2014, o projecto foi seleccionado para integrar o programa Passaporte para o Empreendedorismo, do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI). A participação no programa COHiTEC, dois anos depois, resultou na criação da empresa.
Spawnfoam refere-se ao "inóculo de produção de cogumelos" e ao material esponjoso resultante do processo. "Inicialmente, decidimos produzir os biocompósitos utilizando um fungo dos cogumelos, semelhante àquilo que existia na empresa norte-americana. Entretanto a nossa tecnologia evoluiu de forma totalmente diferente daquilo que eles faziam", explica o co-fundador da startup que, em Junho, foi uma das finalistas da Climate Launchpad, uma competição promovida pela Comissão Europeia que apoia ideias inovadoras com vista à redução do impacto ambiental.
Com vista à sustentabilidade ambiental e eficiência na utilização dos recursos, a startup tem vindo a testar vasos biodegradáveis e placas para isolamento térmico e acústico junto de parceiros e potenciais clientes. Para além destes produtos, a empresa de biotecnologia encontra-se a desenvolver um biomaterial destinado ao acondicionamento de mercadoria. "Há interesse em material de enchimento de embalagens por parte de um dos maiores operadores europeus fabricantes de mobiliário", sublinha Pedro Mendes. O lema é simples: deixar o mundo um pouco melhor do que aquilo que encontraram.
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