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NÃM

Da bica ao cogumelo

A NÃM, é uma empresa de economia circular, que reaproveita borras de café de vários restaurantes e cafetarias de Lisboa para, depois, plantar cogumelos e gerar valor económico a partir deles. Sempre com uma preocupação social.

 

As estruturas em madeira, cobertas por lonas de plástico negro, servem como estufas improvisadas para todo o processo de incubação que é feito no rés-do-chão de uma loja junto ao Largo do Intendente. Porquê utilizar borras de café como substrato para fazer crescer cogumelos?

Primeiro, “porque é um desperdício enorme e, só em Lisboa, se consomem entre 10 a 15 mil toneladas de café por ano”. E, depois, porque as borras que sobram do café têm propriedades óptimas para o crescimento desses fungos. “A água que corre ao fazer o café é quente e, assim, esteriliza as borras. Os cogumelos precisam de matéria muito limpa e que tenha fibras. O café tem fibras e é limpo”, resume.

Quando se tira um café, diz Natan, “só se usa 2% do total da sua biomassa". "Os restantes 98% são desperdício.” O belga recolhe as borras em cafés e restaurantes lisboetas e mistura-as com sementes de cogumelos. Quando elas crescem, vende os cogumelos da espécie pleurotus aos proprietários dos mesmos estabelecimentos onde recolheu as sobras. “Utilizo o desperdício dos comerciantes para produzir uma coisa de que eles necessitam e, depois, obtenho lucro dessa transacção.”

 

O desperdício gerado durante o processo é utilizado como fertilizante natural para o cultivo de legumes e outros vegetais. Natan dá o resultado da mistura das borras com as sementes a agricultores urbanos. “Assim, o meu desperdício também serve para criar valor e provar que é possível fazê-lo de uma outra maneira”, diz.

Quando acertar alguns pormenores logísticos, o jovem conta produzir entre 100 e 200 quilos por mês. E, apesar do público-alvo serem os proprietários de restaurantes e cafés, também vende para pessoas que tenham interesse em ter um papel activo na sustentabilidade do planeta.

 

O negócio, criado por Natan em Julho, gera valor económico mas não encontra no dinheiro o seu propósito máximo. É um meio para um fim, com o objectivo de que se possa usar o poder do capitalismo para concretizar “algo bom”, garante. Outubro assinala o mês em que, pela primeira vez, colheu os cogumelos numa quantidade próxima da que pretende alcançar. Daqui para a frente é ir passando na Rua dos Anjos e ter a sorte de ser dia de colheita de uma nova leva de pleurotus.

 

Fontes: