Atualmente os transportes rodoviários europeus consomem predominantemente, combustíveis petrolíferos (cerca de 95%). Este consumo equivale a cerca de 21% das emissões de gases com efeito de estufa na Europa. A utilização dos biocombustíveis de primeira geração - como o bioetanol e o biodiesel – embora com redução de emissões, levantaram questões relativamente aos seus impactos sobre a água, os solos e em relação a utilização de áreas agrícolas. Nesse sentido, e desde 2013, a Europa tem vindo a apostar nos designados biocombustíveis "avançados", produzidos a partir de resíduos agrícolas e florestais (segunda geração) ou de algas (terceira geração).
O projeto Francês BIOHEC-LIFE, apoiado pelo instrumento financeiro Europeu LIFE, surge neste contexto, com o objetivo de estimular o reaproveitamento de óleos alimentares (proveniente dos desperdícios da industria alimentar e da restauração) como biodiesel.
Embora o quadro legislativo em vigor permita a utilização de óleos alimentares usados menos de 40% destes óleos são recolhidos e utilizados como matéria-prima. As cadeias de produção de biocombustíveis atuais recorrem também ainda principalmente ao transporte de material importado de longa distância para unidades de processamento de grande capacidade (o que corresponde até 20% do impacto do ciclo de vida desses biocombustíveis).
O BIOHEC-LIFE pretende assim desenvolver uma estratégia circular em torno de óleo alimentar usado, desenvolvendo e promovendo novos métodos que permitam otimizar a sua recuperação, criando uma cadeia de abastecimento local economicamente competitiva, com o fim último de alimentar a frota de veículos de transportes públicos da cidade francesa de Lille (inicialmente durante 19 meses).
O projeto, coordenado pela Gecco (PME focada na gestão sustentável de resíduos) pretende desenvolver várias parcerias e constituir um exemplo “circular” replicável noutras cidades da Europa.